4 de junho de 2013

SHADOWSIDE E SUPREMA: UMA NOITE (QUASE) PERFEITA

“Bandas realizam shows memoráveis, mesmo com público abaixo do esperado”

Texto: João Messias Jr.
Fotos: Vivi Carvalho

Pedro Nascimento - Suprema
Foto: Vivi Carvalho
O dia 26 de maio tem tudo para ficar marcado na história do heavy nacional. Com a iniciativa do portal Wikimetal, as bandas Shadowside e Suprema mostraram ao público paulista um show que todos os fãs de som pesado merecem: casa com estrutura, equipamentos de primeira, produção de palco e o mais importante: músicas de qualidade.

Antes das apresentações, as bandas deram uma coletiva para a imprensa, onde os pontos mais importantes foram:

Shadowside: A carismática vocalista Dani Nolden comentou da emoção de estarem tocando na capital paulista após seis anos. Um assunto bastante comentado foi a tour que fizeram com o Helloween e Gamma Ray, em que a vocalista conta que foi na base de tanto mandar e-mails para o manager das bandas que esses shows foram possíveis.

Suprema: Assim como a Shadowside, havia muito tempo que a banda não se apresentava para os paulistanos. A maioria das perguntas foi respondida pelo guitarrista Douglas Jen, ele comentou sobre o lançamento oficial do álbum Traumatic Scenes no Brasil e Europa pela Power Prog. Outro ponto de destaque foi mostrar aos presentes a nova formação, que hoje conta com o baterista Fernando Castanha, o baixista Fábio Carito (também Shadowside), o já citado Douglas e o vocalista Pedro Nascimento .

Um assunto que Dani e Douglas comentaram também foi sobre o que falta para que o Brasil seja tenha uma cena consolidada como na Europa.
A vocalista comentou sobre a falta de respeito dos organizadores com as bandas, disponibilizando pouca estrutura e o guitarrista citou a “união” do metal nacional. Em que na hora H cada um pensa em si e esquecem do coletivo.

As Apresentações

Douglas Jen - Suprema
Foto: Vivi Carvalho
Ás 19h40, o quarteto Suprema deu início a sua apresentação. Com direito a cenário com pano de fundo e um relógio, mandaram ver com Marks of Time e Dark Journey. Essa última, um dos pontos altos do repertório da banda, com contornos hard e bons jogos de vozes entre Pedro e Douglas.
O grupo possui muita qualidade e músicos excelentes, mas ainda falta algo que os façam uma referência do estilo. Talvez um pouco mais de ousadia, pois pela bagagem que todos os membros possuem, podem produzir algo que nos deixe boquiabertos, como foi feito nas faixas Burning My Soul e Fury and Rage, donas de riffs pesados e densos, que apontam um potencial a ser explorado. Essa última contou com a participação do produtor Heitor Rangel, dividindo as seis cordas com Douglas.
Penso que poderiam ter levado mais sons próprios ao invés das versões para Overture 1928 e Strange Deja Vu (Dream Theater), mas as canções fizeram a alegria dos presentes, que cantavam  a plenos pulmões.
Nightmare encerrou a apresentação do quarteto, que fez um set de pouco mais de uma hora.

O grande momento

Já com o cenário trocado, às 21h30 sobem ao palco Fábio Buitvidas (bateria), Fábio Carito(baixo), Raphael Mattos (guitarra) e Dani Nolden (voz) e em suas posições, deram início ao massacre. Após a intro, executaram de forma surpreendente I’m Your Mind e A.D.D., em que confesso que não esperava a abertura com essas canções, que mostraram músicos cheios de tesão e entrega.
Mas a Via Marquês pegou fogo a partir de Highlight, do debut Theatre of Shadows, que teve como destaque os vocais de Dani Nolden, que não devem em NADA aos vocalistas do exterior, além da performance de palco emocionada. Observando essas canções, é de impressionar a evolução no estilo da banda, que começou como metal tradicional e hoje mescla elementos mais pesados, modernos e uma dose bem vinda de hard rock.

Sai o jornalista, entra o fã

Dani Nolden - Shadowside
Foto: Vivi Carvalho
Agora, vou confessar uma coisa: após My Disrupted Reality em muitos momentos o jornalista saiu de cena e ficou o fã. A execução de sons como Hideaway, Gag Order e In the Name of Love fizeram este que escreve essas linhas cair em lágrimas e ficar boquiaberto com a performance da banda, pois eles se entregavam a cada nota e era perceptível a emoção do quarteto a cada música executada.
Inner Monster Out foi outro momento destes, pois essa canção em sua versão de estúdio, conta com a participação de membros dos grupos Dark Tranquility, Soilwork, entre outros nos vocais. Aqui, as vozes foram executadas de forma primorosa por Dani, Rapahel e Fábio Carito.
Apesar de todos serem muito competentes em suas funções, o guitarrista Raphael Mattos merece uma menção especial. Dono de um estilo que possui raízes no hard rock, o músico enche as canções  de licks, riffs ganchudos e solos pirotécnicos, que fazem a alegria dos fãs do estilo, além de se movimentar por todos os lados do palco. Essa referência ficou ainda mais reforçada pelo músico estar usando uma camisa do Gotthard.
Outros destaques foram Baby in the Dark, um medley de canções do debut, em que foram executadas Vampire Hunter, Illusions e We Want a Miracle , Angel With Horns e Waste of Life, em que assim como em todas as canções, receberam respostas extasiadas dos presentes.

Gran Finale

Após essa música, subiram ao palco os músicos do Suprema para uma jam. Com todos no palco, a exceção dos bateristas, que revezaram, tocando um som cada um, levaram versões para Aces High (Iron Maiden) e Ace of Spades (Motorhead), que às 22h50, deu um ponto final ao espetáculo, que foi quase perfeito.

Faltou gente

Raphael Mattos - Shadowside
Foto: Vivi Carvalho
Sim, quase perfeito. Não pelas bandas ou pela organização, mas pelo público. Mais uma vez vou bater na mesma tecla: há momentos em que tenho vergonha de ver os ditos “headbangers”, dizerem apoiarem o metal nacional, mas que não tem coragem de ver um show das bandas do seu próprio país.
Não há desculpas para uma casa que cabe mais de mil pessoas ter pouco mais de 300. Pois aqui tudo foi feito de forma eficiente: muito bem divulgado, preços convidativos, bandas de primeira, som e equipamento dignos de bandas gringas. O que acontece?
Aí eu penso: e a hora que essa geração que batalha, quebra pedras e faz das tripas coração para uma cena melhor se focar em outras coisas, a cena acabará?

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