31 de janeiro de 2014

ROCK IN RUA: ANIVERSÁRIO DE UM ANO COM MUITO ROCK/METAL

Edição comemorativa de retorno do festival contou com as bandas Nervosa, Bioface, Capadocia, Multifário e Mad Rider

Texto e fotos: João Messias Jr.

Mad Rider
João Messias Jr.
Quem viveu os anos 90 no ABC, sabe o valor que festivais como o Rock in Rua possuem para os fãs de música pesada. Após um período inativo, o evento comemorou no último domingo (26), um ano de retorno, apresentando ao público bandas autorais e de covers de forma gratuita.

Essa edição foi um marco, pois quem comemorava não era apenas o evento, mas um de seus organizadores, Carlos Frei, conhecido como Carlão, é um dos caras que fizeram o festival retornar, ao lado da Prefeitura de Santo André. E felizmente o Rock in Rua continua com a mesma proposta e com seu animador, o tradicional Doutor Rock.

Essa edição contou com as bandas Mad Rider, Multifário, Capadocia, Bioface e como atração principal, as thrashers da Nervosa. Devido às chuvas que castigou o ABC, o evento foi transferido para a Craisa, local que recebeu grandes shows de artistas como Raimundos, Inocentes, O Rappa, entre muitos outros.

Multifário
João Messias Jr.
Acabei chegando atrasado, por volta das 14h30, no meio do set da Mad Rider. Para quem não sabe, é a antiga banda Salén, que hoje apresenta a seguinte formação Alejandra Gutierrez (voz), Joe Pessoa (guitarra), Gustavo Fassina (guitarra), André Estrada (baixo) e o baterista Marcel (Epaminondas), que tocou nessa ocasião devido ao fato do titular Wanderley Gonzales estar contundido.

 O quinteto levou um set com covers variados, que foram desde Cranberries, Black Sabbath e Deep Purple, cuja versão para Mistreated encerrou o show. Uma banda que deveria pensar em gravar material autoral.

Às 15h30, , o Multifário, cujo significado gira em torno de um som sem rótulos, iniciou sua apresentação. Com um som moderno e com referências de artistas como O Rappa, Planet Hemp, entre outros, o quinteto formado por Caio Silva (bateria), Mailson Lean (baixo), Gabriel Rodrigues (guitarra), Eduardo Viana (guitarra) e Rafael Rocha (voz) mesclou músicas próprias como Julgo, Liberdade, Sorte Natural com versões para clássicos do pop nacional como Marvin (Titãs), Pontes Indestrutíveis (Charlie Brown Jr.) e Homem Amarelo (O Rappa), que encerrou o set. Repito o mesmo que fora dito para o primeiro grupo: devem investir apenas em material autoral, pois musicalmente são competentes e prontos para tal empreitada.

Capadocia
João Messias Jr.
A terceira banda da evento, o Capadocia fazia sua estreia nos palcos. Surgido do antigo Retturn, o grupo conta com Baffo Neto (voz e guitarra), Marcio Garcia (guitarra, ex-Postwar), Gustavo Tognetti (baixo, ex-Skin Culture) e Palmer de Maria (bateria). Juntos fazem uma mistura explosiva do metal moderno e old school, que agradará fãs de grupos como Ill Niño, Gojira, Lamb of God e Sepultura. A apresentação teve como pontos altos a visceral Survival Instinct, a grooveada Leaders in the Fog e o encerramento com Regret, uma das músicas mais conhecidas do Retturn.

O talento individual dos integrantes é digno de nota. Desde os vocais, que não são agressivos em demasia, riffs e solos que beiram o virtuosismo e a condução de bateria, muito técnica. Uma banda pronta que quando lançarem seu primeiro álbum o CD, arrebatarão muitos fãs com toda a certeza.

Bioface
João Messias Jr.
Já eram quase 19h, quando o Bioface subiu ao palco. Caminhando para 11 anos de estrada, o quarteto formado por Maikon Queiroz (bateria), Marco Aurélio (baixo), Marcelo Antônio (guitarra) e Régis Carbéx (voz) fazem uma mistura de metal e hardcore, que chama a atenção por focar mais no peso e na cadência, sem pula-pula desnecessário. Com uma performance segura a banda mandou as conhecidas Mente Alterada, Hierarquia e Aborto. Mas foi com Ninho de Cobra, que graças aos riffs pesadíssimos que botou fogo no local.  Antes de levarem a videoclíptica Corrosão, outro carro-chefe dos caras, citaram a grande perda que o rock nacional teve, com a morte do guitarrista Helcio Aguirra (Golpe de Estado). En Theos foi dedicada ao aniversariante do dia e Reagir encerrou a apresentação que deu a impressão de ter passado rapidamente.

Nervosa
João Messias Jr.
Com um rápido intervalo, às 19h50, a Nervosa iniciou seu set. Fernanda Lira (baixo e voz), Prika Amaral (guitarra e backings) e Pitchú Ferraz (bateria) mostraram o porquê de serem um dos grandes nomes do thrash nacional, pois suas canções apresentam peso, rispidez e cadência, tudo com uma excelente postura de palco de suas integrantes, o que foi comprovado logo nas primeiras faixas Time of Death e Invisible Oppression. 

Chama a atenção a condução da baterista Pitchú Ferraz, pois massacra as peles da bateria e os vocais de Fernanda, que soam como uma mescla de Mille Petrozza (Kreator) e a saudosa Wendy Williams e a postura “solitária” de Prika, que lembra o também finado Jeff Hannemann (Slayer), mas que destila riffs e solos em profusão, além de backing pontuais.

Embora Into Mosh Pit tenha chacoalhado muitas cabeças e Wake Up And Fight mostrou ser dona de um groove animal, foi em Morbid Courage  o ponto alto do show. A vocalista mandou o público se dividir em duas pontas e assim teve início a degladiação, digna dos shows do estilo.  Urânio em Nós e Masked Betrayer, conhecida por seu videoclipe e passagens crossover deu final a mais uma edição do Rock in Rua.  Um belo show, que mostrou mais uma vez a competência da banda, que está prestes a lançar seu primeiro álbum full, Victim of Yourself.

Mais uma bela noite com muito rock, casa cheia e esperamos que este seja apenas o primeiro aniversário da retomada do projeto, pois os headbangers e quem trabalha pela cena do ABC merecem eventos como este.

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