20 de março de 2014

MYSTIFIER: BLACK METAL NÃO SE RESTRINGE AOS DISCURSOS, A MÚSICA É FUNDAMENTAL

Trio baiano foi a apresentação principal no aniversário da rádio Exmera, que também contou com a participação dos grupos Sardonic Impious, Ocultan, Sodomizer e Justabeli

Texto e fotos: João Messias Jr.

Mystifier
João Messias Jr.
Algumas bandas são fundamentais para a história do metal e no segmento do segmento obscuro é a banda baiana Mystifier. Com 25 anos de estrada e álbuns obrigatórios como Wicca e Goetia, o hoje trio, que tem como figura o guitarrista Beelzeebubth está em São Paulo para uma maratona de shows que envolve a capital e interior. A apresentação que será comentada aqui será a que ocorreu no último sábado (15), na Fofinho Rock Bar, organizada pela Avengers Produções, além de ser o aniversário da Rádio Exmera. Junto da atração principal, a noite contou com quatro nomes conceituados da cena nacional: Sardonic Impious, Ocultan, Sodomizer e Justabeli.

Justabeli
João Messias Jr.
Sob uma chuva torrencial que caia pelos lados do Belém e Tatuapé, que infelizmente caia dentro da casa (inclusive no palco), ás 23h, o Justabeli deu início a maratona de shows dessa histórica noite. Estreando a nova formação com o guitarrista Victor Próspero (Seventh Seal), o trio chamou a atenção logo de cara com fitas camufladas sob a bateria, o que simbolizou o que os presentes que já entravam na casa iriam ver: uma mescla honesta de speed, black e death metal oitentista. Após uma intro “para entrar no clima”, os caras mandaram Die in the War e Massacre of the Crusades, essa última chamou a atenção pelas passagens longas e empolgantes. Já em Grito de Guerra as vozes divididas entre W. Feres (berrado) e Victor (gutural) mostraram um diferencial das formações anteriores do grupo. Além da banda estar mais compacta, o que deixa o som ainda mais forte e intenso. Como a banda teve meia hora de set, Satan’s Whore e Hell War encerraram a primeira atração da festa. Vamos torcer para que venha um novo trabalho tão poderoso como foi à apresentação.

Sodomizer
João Messias Jr.
Era quase meia-noite quando o Sodomizer deu início ao seu set. Igualmente oitentista, mas caindo mais para o speed metal, com músicas longas, trabalhadas e com riffs puramente oitentistas, que alegrarão os trues. O trio formado por Warlock (voz e guitarra), Leatherface (baixo e backing vocals) e Incitatus (bateria). Assim como eu disse do Justabeli, os caras sabem como fazer um som cheio e intenso com três integrantes, como uma orquestra, o que digamos, não é para qualquer um, como na abertura com Let Satan Take Your Soul. Bring Your Dead chamou a atenção por alguns motivos: por ser dedicada ao pessoal do Mystifier, pelo baixo soar como um trovão, de tão pesado e (negativamente) por problemas na caixa de bateria. Mas a banda foi profissional e com o problema sanado, executaram a canção de onde pararam. Night of the Witch, o dono dos graves colocou uma máscara e além desse detalhe, destaca-se pelas vozes cruas. A saideira, Cenobites, contou com a participação de Fausto (Nightmare) nos backing vocals, coroando de forma (bem) positiva o show.

Ocultan
João Messias Jr.
Sob um manto negro, colar com símbolos afros e um tridente, Count Imperium sobe ao palco e marca o começo da apresentação do Ocultan. Com 20 anos de estrada e que além do vocalista, contam hoje com Lady of Blood (guitarra), Magnus Hellcaller (baixo) e Malus (bateria), provaram ser um dos grandes nomes do black metal nacional, graças ao ritmo hipnótico, denso e ao mesmo tempo crú de suas canções. Privilegiando seu último trabalho, Shadows From Beyond, de 2013, os caras mostraram canções densas e hipnóticas, como Fúnebre e Morto e Enterrado, do citado disco. O vocalista, dono de uma postura firme e (porque não) assustadora não deixava de agradecer aos presentes, que já lotavam o espaço. Com uma atuação segura, os caras passearam pela sua carreira em sons como O Caixão, O Triunfo da Escuridão, O Orgulhoso Exu Beelzebuth e For the Supreme Occult, que após seu encerramento, a banda ouviu os headbangers gritarem o nome da banda, algo que vale muito.

Sardonic Impious
João Messias Jr.
Igualmente black metal, mas beirando o virtuosismo mesclado a agressividade, o Sardonic Impious é mais uma evidência de que não é necessário garimpar no exterior bons nomes da música profana. 
O quinteto chama a atenção pelas canções bem trabalhadas e por um vocal de comando. Radael sabe como comandar o público, graças a postura intimidadora, como no hino de guerra Apocalypse 666. Baphomet é outra que se destaca, pela intro melódica e vocais lentos e tétricos, além do trabalho de bateria diferenciado. Missa Negra, conhecida dos presentes foi a última dos caras. Ao lado do Miasthenia e Murder Rape podem ser consideradas uma das bandas mais talentosas do estilo.


Mystifier
João Messias Jr.
Eram 3h40 quando chegou o momento mais aguardado da noite. Após uma demora de quase uma hora, Beelzeebubth (guitarra e backing vocals), Sorcerer Do'Urden (voz, baixo e teclados) e Poisonou (bateria) sobem ao palco ovacionados pelo público, que abarrotava o local. Donos de um som que alterma momentos ríspidos, cadenciados, tétricos e com muitas partes doom, o trio mostrou que embora a ideologia seja importante no black metal, se o som não for bom passa batido. Como a abertura de (Invocatione) The Almighty Satanas, que apesar de iniciar rápida, chama a atenção pelas partes mais lentas. A banda agradecia aos presentes a todo instante e retribuía com mais músicas, na apresentação que teve como base os clássicos álbuns Wicca e Goetia, lançados nos anos 90. Defloration (The Antichrist Lives) é brutal e primitiva, mas um dos ápices do show foi Aleister Crowley & Ordo Templi Orientis, graças ao seu início sabbathico. Já passava de uma hora de apresentação quando eles fizeram um momento especial. Beelzeebubth foi para a pista e com o guitarrista junto aos fãs mandaram Nightmare (Sarcófago), que fechou o fest da forma que os eventos merecem: com chave de ouro. Uma pena não ter ocorrido a gravação do DVD, pois esse foi um daqueles eventos que mereciam ser imortalizados desta forma.

Uma noite que ninguém teve do que reclamar, a pois casa estava cheia, todos os grupos são musicalmente muito bons (alguns excelentes), a organização foi boa e o até o que poderia atrapalhar acabou não acontecendo, pois a chuva deu uma trégua, e desse forma não teve como alagar a pista e o palco, como pudemos ver na apresentação do Justabeli. E que venham os próximos!

Um comentário:

Anônimo disse...

salve o metal negro nacional sempre!

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