3 de março de 2014

PERIFERIA S.A.: CRÍTICAS, BOM HUMOR E MUITO PUNK ROCK

Em nova visita ao ABC, trio mostrou que o estilo não deve ficar relegado a posturas extremas, pois o rock é diversão e deve alegrar as pessoas

Texto e fotos: João Messias Jr.

Periferia S.A.
João Messias Jr.
Conhecido por ser a banda que contém integrantes e ex-integrantes do Ratos de Porão, o Periferia S.A. mostrou na última sexta-feira do mês de fevereiro (28), que é possível fazer punk rock usando bom humor e letras de protesto, incluindo inclusive, algumas mensagens subliminares. 

A apresentação, realizada no 74 Club, ou no Pézão, como muitos conhecem, contou com um ótimo público nas dependências do bar. Mas, antes da atração principal, o evento contou com as participações dos grupos Falange e Bandido da Luz Vermelha.

Bandido da Luz Vermelha
João Messias Jr.
Inclusive este último foi responsável pela abertura das atrações musicais às 20h45. Apesar do nome, o quarteto formado por Alexandro Ramalho (voz), Camila Araújo (guitarra), Rafael Gomes (baixo) e Duzão Mosh (bateria) não faz nenhum tributo musicado ao famoso gatuno João Acácio Pereira Costa, mas sim são donos de um punk rock direto e reto, que possui algumas inserções ao hardcore.

Sem muita cerimônia, a banda, que possui dois anos de estrada, mandou sons de seu repertório como Família Feliz, Pólvora e Pesadelo Social, além de versões para grupos como Olho Seco, Cólera e Lobotomia, este último bem representado em Distorção Policial.

Falange
João Messias Jr.
Saindo do punk e entrando no thrash, o quarteto Falange iniciou seu set. Com dois anos de estrada e formado por músicos veteranos que passaram por grupos como Antichrist, Slaughter, Atomic Thrasher e Blasphemer, o quarteto que conta com Luciano (voz), Ivan (guitarra), Marcelo (baixo) e Paulo (bateria) embora seja adepto da linha oitentista do estilo, não fica preso ao som desta época. Graças aos ótimos riffs lentos e trabalhados de guitarra, que contrastam com os vocais na linha Kurt Brecht (D.R.I.), geram ótimas canções como Fogueira (cujo final beira o HC), Humano Debil Mental, que começa mais cadenciada e vai ganhando velocidade, sem exageros.  Madness encerrou o curto set dos caras, que mostram ser uma boa opção aos fãs do estilo.

Imprevistos acontecem

Periferia S.A.
João Messias Jr.
A apresentação do Falange encerrou ás 22h25 e isso seria sinal de que logo menos o Periferia S.A. iniciaria seu set, certo? Não foi bem assim. Após um atraso, que segundo o guitarrista/vocalista Jão se deu a problemas em seu carro, ás 11h30, a trupe que também conta com Jabá (baixo, ex-R.D.P.) e Dru (bateria) mandaram um punk rock cheio de energia e com diversas inserções ao rock and roll. O interessante é que a guitarra é muito bem timbrada e as canções como Urbanóia são contagiantes.

Mas o que pode desagradar alguns, mas que aqui foi muito bacana foi o fato da apresentação ter sido dividida por sons e declarações muito bem humoradas (e subliminares) do vocalista Jão, que não poupou em seus discursos críticas aos políticos  e ao Pelé, todos com fundamento, além de citar um futuro não muito animador aos nossos filhos e netos.

Após uma pequena pausa para que Jabá fosse tirar a água do joelho, a banda seguiu destilando seu repertório do seu até então único CD, que leva o nome do grupo. Em Devemos Protestar, as cerimônias foram deixadas de lado e muitos fãs ora nos backings, ora nos microfones principais, se tornavam novos elementos no som da banda. Poluição Atômica chamou a atenção pela sua visceralidade e Periferia, que contou com uma versão “normal” e outra apenas com baixo e bateria encerraria a apresentação dos caras. Encerraria, pois apesar de ser mais de meia noite, os presentes queriam mais. Daí, mandaram Beto, em homenagem ao Betinho, um dos fundadores do R.D.P. e do próprio Periferia e Crucificados Pelo Sistema, do próprio Ratos.

Assim terminou essa noite, que contou com a casa cheia e nem o fato de ter de sair correndo para pegar o último ônibus debaixo de uma chuva torrencial tirou o brilho de mais um dia de rolê. Que venham mais!

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