3 de outubro de 2014

MARCOS DE ROS: "A GALERA IMAGINA QUE VAI OUVIR MALABARISMOS E ENCONTRA ALGO MAIS MUSICAL"

Um guitarrista diferenciado!

Assim podemos definir o músico gaúcho Marcos de Ros, que é dono de uma extensa carreira musical, que consiste em lançamentos solo, com as bandas De Ros e Akashic, e que em 2013 lançou o álbum "Sociedade das Aventuras Fantásticas", que recria histórias como "Pinóquio" e "Alice no País das Maravilhas", numa roupagem que busca a sensibilidade e a instrospecção.

Nessa entrevista com o músico, ele nos conta disso e muito mais.

Confiram a entrevista!

Por João Messias Jr.
Fotos: Divulgação

Marcos de Ros
Divulgação
NEW HORIZONS ZINE: “Sociedade das Aventuras Fantásticas” (2013) podemos chamar de um trabalho ousado, pois ele busca recriar musicalmente histórias como Pinóquio, Alice no País das Maravilhas e Don Quixote de La Mancha. Como surgiu a inspiração para fazer esse tipo de trabalho?
Marcos de Ros: A ideia nasceu de quando eu me dei conta das diferenças da minha infância e adolescência, recheada de heróis, valores e aventuras, com a da gurizada de hoje, recheado de facebook, twitter, instagram e outras bobagens, fora os péssimos programas de TV. 
Pensei no que estaria ao meu alcance para difundir um pouco a literatura e eis que surge a “SAF”.

NHZ: Quando as pessoas ouvem que se trata de um disco de guitarrista, logo vem a mente que é um trabalho direcionado aos fãs de shred, mas ouvindo o álbum percebe-se que é um trabalho com unidade, ou seja, todos juntos em prol da boa música. Já enfrentou críticas sem terem ouvido o disco, só por saberem que é o guitarrista que carrega o nome da banda?
Marcos: Na verdade não.  Já ouvi elogios, pois a galera imagina que vai ouvir malabarismos e encontra algo mais musical. Mas não se engane, tem uns malabares em alguns trechos(risos)!

NHZ: Você se encarregou de chamar músicos excelentes para o disco, como seu parceiro desde os tempos de Akashic, Éder Bergozza, o baterista Thiago Caurio (Anaxes/Akashic) e o holandês Marcel Van Der Zawn no baixo. Como foi chegar nos caras para montar o time do disco?
Marcos: Na verdade, são todos meus amigos, então foi  fácil. Convidei os caras que eu achava que não precisava dar muito direcionamento, pois iriam tocar aquilo que vinha de forma natural, e foi bem isso o que aconteceu. Eu dava a minha visão do som e eles faziam muito melhor do que eu tinha imaginado.

Marcos de Ros
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NHZ: Outro músico participante no trabalho é o seu também companheiro de Akashic, Rafael Gubert. Mas aqui ele não mostra os dotes vocais, mas sim uma espécie de assovio em “Moby Dick” e “Nauticus”. Como surgiu essa ideia?
Marcos: É o assovio do Rafa mesmo, que, além de cantar ridiculamente bem, ainda assobia afinadíssimo, com certeza um instrumento musical à parte. Primeiro, eu queria usar o assobio, pois é um recurso excelente para trilhas sonoras, influência direta do mestre Ennio Morricone. E depois pensei que nos temas “do mar” (Moby Dick e Nautilus), a melodia assobiada daria uma sensação de solidão, típica dos marinheiros.

Marcos de Ros
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NHZ: “Pinóquio”, que também possui um vídeo, chama a atenção pelo peso e pela sutileza de seus detalhes. Essa canção deu trabalho para ser gravada até chegar no ponto que queria ou foi gravada em poucos takes?
Marcos: Tanto quando as outras! Na verdade, a parte da guitarra é bastante simples, então não foi nada complicado. Legal tu falar dela – A “Pinóquio” é pesadona porque eu li a história original, que não é bonitinha como a versão da Disney. 
A história é bem pesada, então imaginei um Pinóquio meio tosco, que anda meio capenga (por isso o tema tem uns compassos em 5/4). E como Pinóquio, em italiano, é pinhão, uma comida típica do RS, ela começa com uma gaita. (risos)

NHZ: Seu estilo chama a atenção pela emoção e sensibilidade, como disse em Aladim e Canção Para Poliana e em sons mais antigos como “Be the Hero” (Akashic). Como você foi desenvolvendo sua musicalidade e que músicos o inspiraram para chegar no estilo que possui hoje?
Marcos: Eu ouço muita coisa, e muitos guitarristas! Acho que o lance é ir se aprimorando com o tempo, e se livrar o quanto antes das amarras auto impostas, do tipo sou fã do guitarrista “x”, quero soar igual a ele”, e procurar a tua própria voz. E não desistir nunca, pois quem decide a tua vida é você mesmo!

NHZ: Você já excursionou pela América do Sul e Europa. Quais as principais diferenças dos públicos desses continentes e qual deles que mais gostou de fazer?
Marcos: Cara, lugares com menos shows, como na Bolívia, por exemplo, tu tem gente muito mais motivada para te assistir, portanto, fãs muito mais ávidos por sons e novidades. Na Europa, é super organizado, mas tu não é exatamente algo novo e imperdível.

Marcos de Ros
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09. Para encerrar, vou citar alguns trabalhos que gravou em sua carreira e queria sua opinião sobre eles?
Marcos:

“Masterpieces”: Foi um disco importante, me ajudou a amadurecer e a perceber a importância de saber criar arranjos.  Apesar da sonoridade da guitarra ser bem fraquinha, eu curto muito.

“Peças de Bravura”: Sem dúvida adoro as composições desse CD. Acho um material muito valioso, porém, pela orquestração guitarra e piano, acho que não atingiu tanto publico como poderia, mas pretendo trabalhar em algumas coisas que vão trazer esse trabalho novamente à tona.

“Universe”: Segundo CD da banda De Ros. Apesar da produção fraca, acho que tem excelentes passagens nesse trabalho. Algumas composições me surpreendem até hoje, pois são as ideias de três músicos que estavam completamente envolvidos no processo de criação/arranjo.

“A Brand New Day”: A melhor produção com a qual trabalhei até hoje, com recursos praticamente ilimitados e com uma gravadora subsidiando os gastos, pudemos utilizar o que havia de melhor para fazer esse CD, e isso fez muito diferença. Sem contar que a banda estava na melhor forma possível! Adoro os CDs do Akashic!

NHZ: Obrigado pela entrevista! Deixe uma mensagem aos leitores desta publicação.
Marcos: Agradeço demais pelo espaço! Se quiserem conhecer mais o meu trabalho, acessem meus canais nas redes.
Abração!

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