21 de dezembro de 2017

VIRANDO O JOGO

Registro brutal e eclético é a receita vitoriosa de Far Beyond Existence

Por João Messias Jr.

Far Beyond Existence
Divulgação
A resposta está no trabalho, é fato, porém o que aconteceu com a Torture Squad é no mínimo curioso. Quando muitos pensavam que o grupo finalmente havia se estabelecido com o seminal álbum Esquadrão de Tortura (2013), a banda mudou de formação mais uma vez, trazendo Mayara 'Undead' Puertas (voz, ex-Necromesis) e Renê Simionato (guitarra, Guillotine), que somado aos veteranos Castor (baixo) e Amilcar Christófaro (bateria) lançaram um single, fizeram shows pelo Brasil/Europa e o resultado desse entrosamento tem nome: Far Beyond Existence, que merece um capitulo a parte na história do grupo.

Quem olha a capa feita por Rafael Tavares (Chaos Synopsis, Bloody Violence) pode pensar que teremos um trabalho que voltará aos tempos de Asylum of Shadows (1999) ou The Unholy Spell  (2001). Embora alguns elementos se façam presentes, estamos diante de um trabalho técnico, ousado e moderno, sem abrir mão da crueza que imortalizou o death/thrash metal.

Riffs bem sacados e construídos aliados a uma cozinha criativa que somados aos vocais brutais de Mayara, soltam músicas fortes e trampadas nos nossos ouvidos. No Fate é aquele tipo de som que você percebe muitas coisas acontecendo em termos musicais, sem abrir mão da agressividade. O mesma descrição cabe para Don't Cross my Path, além de  possuir um groove interessante.

Blood Sacrifice começa com um clima oriental, capitaneado pelos vocais limpos e cítara para depois a desgraceira tomar conta. Participações especiais se fazem presente aqui. Dave Ingram (ex-Benediction) na cadenciada Hate. A tradicional Cursed by Disease conta com a narração de Edu Lane (Nervochaos). You Must Proclaim começa a lá Annihilator/Coroner ganha os vocais de Luiz Carlos Louzada (Vulcano/Chemical Disaster).

Just Got Paid é um cover do ZZ Top (a banda dos barbudos), que consegue a façanha de manter as pirações da versão original sem largar o lado agressivo, além de ter no gogó Alex Camargo (Krisiun). Pensa que acabou, o melhor ficou para o fim com Torture In Progress.

Contando com Marcelo Schevano (Carro Bomba, Golpe de Estado, Casa das Máquinas) no Hammond, temos nove minutos de pura viagem musical. Soando como um encontro de Black Sabbath, Led Zeppelin, Rush Slayer e até um certo clima minimalista.

Unknown Abyss possui narrações, uma espécie de 'outro', que encerra o CD com um singelo "Don't Cross My Path" (não cruze o meu caminho) , de uma banda que soube passar por cima dos momentos de incerteza e tem tudo para trilhar um momento vitorioso. Impressão reforçada com o acabamento em slipcase e um encarte avulso com as traduções das músicas.

Nenhum comentário:

PASSANDO A MENSAGEM

Com influências diversas, quarteto catarinense explora em suas letras a insatisfação contra o governo e corrupção Por João Messias Jr. As pr...