22 de junho de 2018

FICA O LEGADO E A REFLEXÃO

Músicas gostosas de ouvir aliadas a uma excelente produção marcam o último álbum do grupo católico

Por João Messias Jr.

Criada pelo baterista/vocalista Danilo Lopes (ex-Eterna), a banda Ceremonya teve um legado de quatro CDs (um não lançado), que desde o começo de sua proposta era mesclar o rock pesado com o louvor presente nas igrejas católicas carismáticas, cujo ápice aconteceu no último disco de estúdio do quinteto, A Vida Num Segundo, lançado em 2017.

Vale avisar que,  apesar de alguns momentos mais pesados, a vibe aqui é outra, com um apelo mais atual e introspectivo, que agradam de cara aos fãs de som bom, pois junto com Danilo, temos músicos de alto quilate, como Nei Medeiros (teclado), Gustavo Dübber (guitarra), Eduardo Zanchi (guitarra) e Regis Costa (baixo), que aliados a produção de primeira feita pelos magos Marcello Pompeu (também arranjos) e Heros Trench (Korzus), nos brindaram com um álbum de primeira.

O disquinho começa com pogo, movido pela certeza Maluco. Dona de um ritmo cheio de groove e movida a um refrão grudento, começa bem a coisa. As seguintes, Espera, Glória e Escolho não chorar são mais voltadas ao louvor e passam o recado muito bem, em especial a última, grudenta e comovente. 

Se sentiu falta do peso, ele aparece de novo em Construindo em Deus, Tudo Que Vivo e em Revolução da Compaixão, essa que proporciona aqueles momentos de erguer os punhos pro alto, bem legal mesmo.

Meu Final te Entreguei e a faixa título são mais introspectivas e funcionam bem em meio ao peso e calmaria.

Semelhanças, com sua melancolia, proporciona uma sensação de liberdade, além de passar uma espécie de missão cumprida que o grupo teve durante toda a sua existência, que ousou em unir a galera do rock e da música católica renovada. E de certa forma, conseguiram, até encerrarem as atividades no fim de 2017.

Com um belo legado, com muitos shows e três álbuns oficiais de respeito. Diga-se, aliás.

5 de junho de 2018

CHEGARAM PARA FICAR

Trio paulista bebe na fonte do stoner rock, enriquecido com doses bem sacadas do grunge

Por João Messias Jr.

Cosmic Rover
Divulgação
Não tem mais o que esconder, o momento agora é daqueles grupos/formações que tenham uma vibe ligada aos 70. Seja stoner, occult rock, doom, psicodélico ou qualquer outra ramificação, elas estarão em evidência. 

Claro que em meio a essa explosão de novos e antigos grupos, apareça uma porcaria aqui/ali, que naturalmente será posta para fora do tacho, mas é um prazer quando temos um projeto, formado por gente das antigas, que mostra que tem tudo pra fazer bonito por ai.

Um exemplo fica pra galera do Cosmic Rover, power trio paulista formado por Rick Rocha (guitarra), Rodrigo Felix (baixo) e Edson Graseffi (bateria/voz), todos com experiência, atuando por formações como Panzer, Reviolence, Laboratori e pela noite paulistana, soltaram o primeiro registro.

Com três músicas e carregando o nome do grupo, o EP apresenta uma mistura interessante do stoner rock com muitos elementos do amado e odiado grunge. Algo como Corrosion of  Conformity, Quicksand e Down. Tudo bem pesado e orgânico como o estilo sugere.

Duas coisas chamam a atenção. Apesar de não se prender a firulas, é notório o potencial da turma em criar partes empolgantes em meio aos riffs "gordos", como escutamos na faixa que nomeia o grupo e principalmente nos vocais. Algo que o Trouble fazia com maestria, mas (felizmente) sem copiar as eternas vozes do grupo, Erik Wagner e Kyle Thomas.

Never Forget, dona de riffs arrastados e clima hipnótico e Bright Highway com seus coros são as minhas favoritas, mas o trampo é bem homogêneo. Claro que por se tratar do primeiro trampo, muita coisa será melhorada com a estrada para um grupo, que começou com o pé direito e merece ser conhecido pelos admiradores dessa vertente musical.

2 de junho de 2018

PAIXÃO MOVIDA A DUETOS DE GUITARRA

Passados dezessete anos de seu lançamento, Defender of Metal conserva a mesma paixão dos dias de seu lançamento.

Por João Messias Jr.

Defender of Metal
Divulgação
Longe da época das descobertas da década de 1980 e distante da plasticidade das produções atuais, o quinteto paulista Hellish War soltava seu debut, Defender of Metal, em 2001.

O que solta aos ouvidos é saber que quase atingindo a maioridade, este disco mantém a garra, o vigor e o tesão em cada melodia executada, em cada coro e claro, em cada air guitar que emanamos ao escutar cada uma das faixas desse disquinho, que recentemente ganhou uma versão comemorativa no formato envelope, que com certeza será um item presente na discografia dos fãs de heavy/speed.

Por que digo isso? Não há como ficar indiferente sem ouvir as faixas aqui. Desde a convidativa Hellish War, as comoventes e empolgantes Defender of Metal e We Are Living for Metal, ambas com levadas maidenianas, seja nas passagens mais cadenciadas, ora nos vocais de Roger Hammer.

Não ficamos por aí, a levada instigante de Into the Valhalla merece menção, além de The Law of the Blade, que sintetiza o que foi a NWOBHM.

Desde então, o grupo já soltou dois álbuns de estúdio, um ao vivo, além de participações em tributos, além de shows no Brasil e Europa. E falando em apresentações, se for na apresentação do Armored Saint nesse domingo (3), em Sampa, terá uma bela oportunidade de ver o quinteto em ação.

Portanto, chegue cedo e confira o competente metal tradicional dos caras.
www.facebook.com/hellishwar

30 de maio de 2018

UMA NOVA CARA

Quinteto renova sonoridade musical em novo trabalho

Por João Messias Jr.

Reviere
Divulgação
O tempo voa, a resenha de hoje me fez lembrar de 2013, época que um amigo do estágio me deu um
CD de uma banda que havia entregue seu material num evento que trabalhei nessa época. Pois bem, o tempo passou, acabei conhecendo a rapaziada do  Reviere e obviamente resenhando o citado disquinho. Claro, que num mundo carinhosamente cheio de mudanças, o quinteto sobreviveu as incertezas e como uma fênix, renasceu e mostra essa nova fase no novo trabalho, que carinhosamente recebe o nome do grupo.

Musicalmente Paulo Bertelli (vocal), André Prado (guitarra), Gustavo Esparça (guitarra), Marcelo Henrique (baixo) e Rudá Costa (bateria), fugiram do rock and roll mais básico dos primeiros EPs e expandiram sua sonoridade, o que pode agregar públicos diversos, desde os fãs do grupo até os iniciados no rock.

O que salta aos ouvidos fica por conta da qualidade da gravação, que deixou tudo nítido, em especial as guitarras, cujas nuances são ouvidas com clareza. Mas, a grande sacada ficam para os vocais de Paulo, que são limpos e nítidos, agregando o peso quando necessário. Mistura que resulta em canções grudentas como Longe (a melhor do trabalho) e a urbana  Bom Cidadão.

Equilíbrio é outro ponto de destaque, graças ao bom casamento dos vocais mais dolorosos com guitarras limpas e inusitadas.

Mas o trabalho é uniforme e merece ser ouvido de ponta a ponta, graças a coesão dos músicos, que agradará fãs de formações como Dead Fish até Red Hot Chilli Peppers, o que convenhamos, não é para qualquer um.

Nesse caso, foi muito bom recordar e viver histórias que só acontecem para aqueles que vivem intensamente esse tal de rock and roll.

30 de janeiro de 2018

CONSTANTE MUTAÇÃO

Passado thrash é sepultado com grupo de inspiração stoner/psicodélica

Por João Messias Jr.

Jahaz
Divulgação
Não vou lembrar o ano, mas recordo que foi num festival realizado pela prefeitura, no ABC paulista que vi uns cinco moleques detonando um thrash metal visceral, com algumas letras "para maiores", dotado de garra e animação, que se chamava Murder, que encerrou as atividades tempos depois.

Porém, alguns dos caras daquela formação iniciaram um novo grupo, batizado de Octopus e desde então, já possui dois trampos na praça, os álbuns Neptune (2014) e Jahaz (2017), que será a resenha do dia.

Diferente do debut, o quinteto formado por Thiago Wallkicker (vocal/harmonica),Gabriel Piotto (guitarra),Daniel Marchi (guitarra),Mega (baixo) e Damiã Guilhen (bateria), injetou mais doses de psicodelia, sem abrir mão do stoner. O que se percebe logo na intro, que possui o chamativo nome de Δ9. As guitarras bem timbradas e na cara dão o ar da graça em Jahaz (Throw this Song) e Moonjuice, essa com momentos mais instigantes e intimistas, além de algo experimental.

Já Somber Sailor esbarra no passado thrash dos músicos e Into the Void é um cover daquele quarteto de Birminghan que conquistou o mundo e a alcunha de precursores do metal.

Se por um lado sonoridade mudou, a real é que todo mundo e ganhou a oportunidade de ampliar seus conhecimentos metalicos.

10 de janeiro de 2018

A RESISTÊNCIA

Trio potiguar mostra que a região nordeste vai muito além do forró

Por João Messias Jr.

Whocantbenamed
Divulgação
É verdade que já faz algum tempo que temos música boa rolando por todos os cantos do país. Porém, não é de total erro vir na cabeça as características musicais que cada região brasileira apresenta. Conhecida pelos grandes grupos de axé e forró, a região Nordeste bravamente marca a sua resistência nesse cenário com muita coisa voltada ao rock/metal. Os mais velhos lembrarão de grupos seminais como Nephastus, Shock, Insanity e Mystifier.

Trilhando o caminho deixado pelos grupos acima, temos formações que mostram sangue nos olhos e aquela vontade de vencer. Como a galera da Heavenless. Rapaziada do Rio Grande do Norte que estreou ano passado com o debut Whocantbenamed. Trampo embalado por uma capa interessante, que mostra a morte e o sertão nordestino mescladas de forma homogênea. Ponto para a banda e o criador Hugo Silva.

Musicalmente o som do trio formado por Kalyl Lamarck (voz e baixo), Vinicius Martins (guitarra) e Vicente Andrade (bateria) tem predominância pelo death e thrash metal. Porém, uma audição detalhada mostra um grupo antenado com seu tempo, soando contemporâneo, graças aos elementos que vão do hardcore ao metalcore, além de uma guitarra bem timbrada, que carrega de forma sutil referências de grupos como Nação Zumbi e Sepultura.

Outro elemento marcante na música dos caras fica por conta dos climas doom, que dão aquela sensação de "crime perfeito", mostrando que encontraram seu estilo logo no primeiro trabalho. O que nos permite se deliciar ao som de pedradas como a faixa de abertura Enter Hades (cheia de groove), Hopeless (que deve funcionar muito bem nos shows) e The Reclaim, esta conhecida dos fãs graças ao seu vídeo disponível no Youtube.

Uncorrupted também chama atenção pelo ritmo quebrado e predominantemente thrash e Point-Black encerra de forma homogênea o disco.

Whocantbenamed confirma a tradição nordestina de seguir com grupos de nível alto, além de manter a resistência numa região que predominam os ritmos regionais.

PASSANDO A MENSAGEM

Com influências diversas, quarteto catarinense explora em suas letras a insatisfação contra o governo e corrupção Por João Messias Jr. As pr...